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Ordem de regresso ao escritório: Seguir ou ignorar?

À medida que as organizações aumentam as suas exigências em relação aos dias de trabalho presencial, muitas estão a descobrir que tal decisão pode ser difícil de aplicar.

Um director atordoado: Os quatro funcionários com melhor desempenho na sua empresa continuavam a ignorar a regra dos três dias por semana no escritório. Em vez disso, os funcionários vinham normalmente duas vezes por semana – excepto durante as viagens em família. Nessa altura apareciam em ecrãs Zoom enquadrados por praias ou parques de diversão. Ele estava numa situação difícil: não queria disciplinar os seus melhores trabalhadores, mas também não podia continuar a aplicar a regra de forma desigual.

Este dilema preocupa gestores de norte a sul do país. As organizações estão a chamar os trabalhadores de volta ao escritório este Setembro e enfrentam uma forte resistência: em grande parte devido à criatividade dos empregados para se esquivar aos dias de trabalho presencial. O último Survey of Working Arrangements and Attitudes (inquérito sobre disposições e posturas no trabalho) conclui que os empregadores exigem agora uma média de 2,8 dias de trabalho no escritório por semana, enquanto os empregados dizem querer vir apenas 1,6 dias por semana. Esta diferença, referem os especialistas, criou um confronto na imposição de regras, a um nível que a maioria dos gestores jamais conheceu.

Alguns empregados estão a seguir as directrizes de dias-no-escritório à letra – tendo conhecimento que nos Estados Unidos as empresas, na sua maioria, podem legalmente obrigar os empregados a trabalhar nos seus edifícios. Apesar de este inquérito mostrar que os dias de trabalho a partir de casa estão a diminuir – de 37% do total de dias em Janeiro de 2021 para 31% em Julho de 2022- os peritos dizem que o cumprimento efectivo das regras pelos empregados tem muito a ver com a perspectiva de outras oportunidades de trabalho.

As políticas sobre o trabalho presencial variam muito de acordo com a indústria. Segundo uma sondagem, que escrutinou mais de 2.500 empregados, os trabalhadores da área de Informação e Tecnologia lideram no trabalho remoto, trabalhando uma media de 2,68 dias por semana, os profissionais de Finanças e Seguros registam 2,23 dias em casa, e os trabalhadores de serviços profissionais e empresariais 2,02 dias. Isso é 30% a 70% mais do que empregados em nove outras áreas, incluindo Governo, Serviços Públicos, Saúde, Manufactura e Comércio e Retalho – no ultimo a média de trabalho remoto é apenas 0.68 dias por semana.

Estas médias estão substancialmente abaixo das directrizes das empresas, que aumentaram de forma acentuada este mês, com o término do Verão. Mas com uma aplicação das regras fraca e pouco clara, os colaboradores dos RH dizem que os trabalhadores poderão estar a usar algumas estratégias criativas para diminuir os dias no escritório, incluindo limitar-se ao horário das 10h às 14h (poucas empresas definem formalmente a duração de um dia de trabalho), programar conferências e reuniões fora do escritório para os dias de trabalho presencial. Outros telefonam a avisar que estão doentes ou marcam férias para o período de trabalho no escritório. Descaradamente, alguns simplesmente trabalham sempre a partir de casa. “As empresas estão a tentar mudar as leis da física no que diz respeito a lidar com os trabalhadores”, diz David Vied, Global Sector Leader for the Medical Devices and Diagnostics Practice da Korn Ferry. Ele observa que tanto a “Grande Demissão” (termo que nasceu em Maio de 2021 e descreve o número recorde de pessoas que deixam o seu trabalho, desde o início da Pandemia, em prol de um maior equilíbrio vida pessoal e profissional) como o facto dos trabalhadores ignorarem as ordens de voltar ao escritório são movimentos ascendentes, enquanto a aplicação do trabalho presencial é uma mudança descendente – um “remar contra a maré”.

Os peritos dizem que as organizações devem decidir se estas novas directrizes podem ou não ser impostas. O rastreio do paradeiro dos funcionários é viável, com o fácil acesso a ferramentas de análise que registam o local de início de sessão de um funcionário-computador.

Antes de avançar com uma ordem, as organizações devem comunicar o “porquê”, para que os colaboradores compreendam as razões e vantagens para eles e para as suas equipas.

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