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Gestão de Recursos Humanos sem Humanos

O meu ATS – Applicant Tracking System, tem IA. Diz-me o match com os melhores candidatos.

Quando vou ao meu banco, tenho um bot como assistente.

Alguns HR Services, são respondidos por assistentes digitais…

Quem vou eu gerir em 5 anos?

Na era digital em que vivemos, a Inteligência Artificial (IA) tem-se consolidado como uma ferramenta poderosa em diversas áreas, incluindo a gestão de recursos humanos. No entanto, a transição para uma gestão de recursos humanos sem a presença humana direta traz consigo desafios significativos que merecem uma análise cuidadosa.

A automação de processos na gestão de recursos humanos promete eficiência, redução de custos e uma abordagem mais objetiva na tomada de decisões. A implementação de algoritmos avançados e aprendizado de máquina tem permitido a análise de grandes conjuntos de dados para identificar tendências, avaliar o desempenho dos colaboradores e até prever necessidades de recrutamento.

No entanto, o uso excessivo de Inteligência Artificial na gestão de recursos humanos levanta questões éticas e sociais. A falta de sensibilidade humana pode resultar em decisões impessoais e desconsiderar fatores subjetivos importantes nas relações de trabalho. Por exemplo, algoritmos que avaliam o desempenho podem não levar em conta contextos individuais, como desafios pessoais ou mudanças nas circunstâncias de vida.

Outro desafio é a possibilidade de viés algorítmico. Os algoritmos de IA são treinados com base em dados históricos, que podem refletir preconceitos existentes na sociedade. Se não forem cuidadosamente monitorizados e ajustados, esses algoritmos podem perpetuar e amplificar desigualdades existentes, resultando em práticas discriminatórias.

Além disso, a falta de interação humana na gestão de recursos humanos pode comprometer a construção de relacionamentos e a compreensão das necessidades individuais dos colaboradores. A resolução de conflitos, o aconselhamento e o apoio emocional são aspetos críticos que exigem empatia e compreensão humana, elementos que a Inteligência Artificial ainda não pode replicar completamente.

A privacidade dos dados é outro ponto crucial a ser considerado. A recolha maciça de dados dos colaboradores para alimentar algoritmos de IA levanta preocupações sobre a segurança e o uso ético dessas informações. A transparência na gestão de dados e o respeito à privacidade são essenciais para garantir a confiança dos colaboradores nas práticas de RH baseadas em IA.

Um aspeto relevante a considerar é a adaptação dos colaboradores à presença crescente da Inteligência Artificial na gestão de recursos humanos. A resistência à mudança, o medo do desconhecido e a perceção de ameaça aos empregos tradicionais podem criar um ambiente de trabalho tenso e desafiador.

Para superar esses desafios, é fundamental encontrar um equilíbrio entre a automação e a intervenção humana na gestão de recursos humanos. A Inteligência Artificial pode ser uma aliada poderosa quando utilizada para otimizar processos, fornecer insights valiosos e apoiar a tomada de decisões informadas. No entanto, a presença humana é indispensável para as nuances emocionais, a empatia e a compreensão das complexidades das relações de trabalho.

A implementação ética da Inteligência Artificial na gestão de recursos humanos requer a definição de políticas claras, o monitoramento constante para evitar viés e a garantia de que as decisões automatizadas sejam justas e transparentes. Investir em formação para os colaboradores e líderes sobre como colaborar efetivamente com as ferramentas de IA também é fundamental para garantir uma transição suave.

A gestão de recursos humanos sem a presença humana direta apresenta desafios substanciais que vão além da eficiência e da automação. A procura por um equilíbrio adequado entre a Inteligência Artificial e a intervenção humana é essencial para garantir práticas éticas, justas e eficazes na gestão de recursos humanos na era digital.

O desafio está em abraçar a inovação sem perder de vista o valor único da contribuição humana nas dinâmicas do ambiente de trabalho.

Ah: eu prefiro sempre gerir humanos.

Autor

Viajou por muitos países, conheceu muitas pessoas e muitos lugares. Aprendeu com todas as pessoas que observou e com quem conversou. Trabalhou em Portugal, na Bélgica, nos EUA e em Angola. Hoje desenvolve o seu trabalho na área da gestão de pessoas (recursos humanos), formação, coaching e mentoring. E escrita, adora escrever. Assumiu diferentes funções e colaborou com empresas em diferentes estados de maturação, quer em ambiente nacional, quer internacional. Desempenhou funções relacionadas com: gestão do talento e tarefas inerentes; gestão de recursos humanos em sentido lato e formação e desenvolvimento. A nível académico, estudou direito na Universidade de Coimbra, mas foi em Psicologia e no Porto que encontrou a sua verdadeira vocação. É certificada em Coaching, PNL e estuda todos os dias mais um pouco, vê mais um pouco, ouve mais um pouco para poder ser mais cultivada. Faz programas de shaping leaders e reshaping leaders e gosta muito do que faz. Costuma dizer às crianças que forma enquanto voluntária em educação para os direitos humanos: “quando mais soubermos, quanto mais conhecemos e sentimos, menos somos enganados”. Enfrenta cada dia com uma enorme alegria que é simples de ver e sentir!

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